Hoje eu quis brincar sozinha. Deixei minhas bonecas em casa. Levei
apenas meu barquinho de papel. Foi meu pai que me deu. Saí. Andei e
parei no riacho bem pertinho da minha casa. Peguei meu lápis e escrevi
alguns versos naquele papel dobrado. Eu gosto quando o cabelo dele cai
sobre os olhos. Há mistérios que encantam a alma. O jeito dele tirar os
fios do rosto me faz sorrir. Acho que ele gosta do laço de fita que
minha mãe sempre coloca nos meus cachinhos. Vi pelo desenho que ele
entregou à professora. Mas, agora isso nem tem tanta importância. Quero
mesmo é colocar meu barquinho cheio de versos bonitos e torcer para que
ele ancore no porto dos olhos dele. Gosto da maneira que eles brilham.
Nem ligo se meu pequenino barco é frágil. O que ele carrega é forte o
bastante para alcançá-lo.Vai, diga a ele que meu amor espera pelo tempo,
ao vento...
Na terceira margem do doce rio, eu me nino e adormeço. Quero estar nos sonhos dele quando o navio ancorar...
Nenhum comentário:
Postar um comentário